No meu país cabe um mundo inteiro de sabores


Cresci a ouvir “O comer está na mesa” e sempre achei que estava certo. E está. É apenas um modo diferente de dizer ‘comida’.  Depois desta justificação, a jeito de introdução, devo dizer que gosto de experimentar comeres novos e diferentes. Já vai longe o tempo em que o meu comer preferido era um bife com batatas fritas, não esquecendo o ovo a cavalo. Depois de ter provado porco agri-doce, sashimi, tacos e gelado de sardinha percebi que o paladar também se educa e os sabores diferentes enriquecem-nos por dentro. No meu caso, quando o sabor é picante, fico até sem fala... literalmente!


Em Portugal, neste meu belo país, cabe um mundo inteiro de sabores diferentes. País acolhedor de um sem número de nacionalidades, hoje podemos comer por cá muito mais que o rolinho primavera! Há diariamente novos sabores e cheiros por sentir, cores para absorver, receitas para aprender, misturas para experimentar... Não falo em experiências gourmet, porque tenho a impressão que se for a um desses restaurantes onde não se janta, experiencia-se, devo ficar com vontade de ir ao americano comer um hamburguer a seguir... e quem me conhece sabe que passo ao largo do restaurante do palhaço. Além do que depois de pagar a conta no gourmet, não deve sobrar nem para um café.


Recentemente, fiz uma incursão ao Mezze no Mercado de Arroios, o que desejava fazer desde que abriu. O restaurante fez, entretanto, um ano e recomendo por todas as razões - simpatia, ambiente, cheiros, sabores... Fotografei até à exaustão tudo o que apareceu, ementas, pratos, ambiente, história, comentei no facebook e até obtive umas receitas de lá, de um workshop que uma amiga fez e partilhou comigo. Ainda não testei, mas a seu tempo o farei e partilharei aqui.


Fomos recebidos com uma simpatia extrema. Numa primeira abordagem, perguntei o que era, o que se come com o quê e como...

 A escolha

Enquanto se espera pelos menus escolhidos, optámos por sumos. A hortelã não é a que habitualmente compramos ou temos nos nossos vasos, é mais intensa. O tamarindo nunca tinha provado, mas depois de ver o preço por quilo, acho que não devo fazer este sumo em casa tão depressa...

Sumo de limão com hortelã
Sumo de tamarindo

Tudo bem explicadinho, recomendaram dois menus e lá ficámos expectantes do que viria por ali. Quando começaram a chegar, cheirei cada prato. É um hábito que 'parece' deselegante, mas não quero nem saber, costumo dizer que noutra vida devo ter sido um cão, não são eles que fazem isso quando lhes damos comida?!? 

Primeiro teste de sabor: um sucesso. Fiquei fã. Falafel é qualquer coisa de fantástico! Bolinhos mornos de grão, com aquele molho (será iogurte e beringela, não perguntei, falha minha).

 Falafel (bolinhos de grão) 
Khubz (pão sírio)

Hummus, já tinha provado, mas este... quem sabe, sabe!

 Hummus (pasta de grão cozido com tahini)

Como nem tudo é sempre cinco estrelas, isto foi o menos bom da refeição. Confesso que gosto de sabores fortes, apaladados, com sal. Esta sopa, apesar de cremosa tinha pouco sabor.

Shorbet adas (sopa de lentilhas)

 Salada sem tempero e, espantosamente, não faz falta nenhuma!
 
Fatoush (salada mista com pão árabe estaladiço)

Chega mais um menu e voltamos ao princípio... "O que é isto?" ou "O que é que isto tem?"... Voltei a pedir a ementa e fotografei os menus para ter a certeza que não me enganava nos nomes dos pratos e nas legendas das fotos que eu sabia viriam parar aqui ao meu cantinho em breve.


E chega mais um sucesso. Deve haver umas 5.000 receitas diferentes de baba ganoush, pelas pesquisas que fiz na internet e quero provar todas se tiverem 10% do sabor desta!

 Baba ganoush (puré de beringela e xarope de romã)

Este prato foi talvez a experiência menos experiência. Mas não perde pontos por isso. Arroz delicioso e borrego com um sabor que só mesmo aqui se deve conseguir obter, digo eu.


 Kebse (arroz fumado com pimentos)
Meshawi (espetada de borrego) com molho de iogurte
 
E acham que ainda havia espaço para sobremesa? Claro! Não ficou nadinha!

Baklava (folhado de pistácio) 
Harisa (bolo de sêmola de trigo com amêndoa)
Café sírio (aromatizado com cardamomo)


E perguntam vocês... E isso é bom? Caraças... no conjunto, sim! Harisa é muito doce, bom os gulosos que gostam de bolo com açúcar e ainda regado com calda de açúcar (uma bomba). Baklava está no topo, é folhado de massa filo - não é recomendável a quem tem (como eu) aparelho nos dentes. O café, bem, o café é do outro mundo. E é quase!!! 

Ah... Ainda vem uma bolachinha a acompanhar o café. Crocante, doce q.b..

As fotos são escassas para transmitir aquela refeição: falta ouvir a música, saborear o húmus, cheirar o café... e ter uma boa companhia, como eu tive. Imperdível!


Já acabou!

O próximo? não digo, mas deve estar bem perto deste ;)

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