Eu e a obesidade mórbida, 16 anos depois
3.ago.2004
Véspera da operação. Pesei-me: 132 Kg. Preparei o
saco com a roupa para uma estadia de uma semana no hospital. Preparei o saco da minha filha para uma estadia de um mês em casa da avó – o tempo necessário para eu me
recuperar da operação e tudo voltar à normalidade. Foi o meu irmão que me levou para o hospital do SAMS porque o meu pai não estava
em condições de nos acompanhar – a idéia de que eu iria ser operada sem estar
doente deixava-o doente a ele. Já anteriormente se tinha assustado com uma
notícia que tinha lido num jornal e tinha-me pedido por tudo para não ser
operada. A notícia tinha sido publicada num jornal 'algo' sensacionalista –
Correio da Manhã – e não contava a história toda. O título era apenas “Banda
gástrica causa mais uma morte”. Claro que até eu me assustei, mas após
investigação na internet, os factos eram um pouco mais complicados – a senhora
em causa foi submetida a uma cirurgia para colocação da banda gástrica. No
entanto o quadro clínico era bastante complicado – 57 anos; 140 Kg; problemas
cardíacos e hipertensa. Após a cirurgia um dos grampos, que terá sido colocado
para ajudar a fixar a banda, soltou-se e originou-lhe uma peritonite. A
paciente foi submetida a nova cirurgia e faleceu na sequência da 2ª operação.
Não se pode acreditar em meias notícias…
3.ago.2020
Eu que atualmente não peso sequer 60 Kg (as tatuagens não pesam... 👀 ) lembro-me levemente da sensação de pesar mais de 100 Kg. Podia utilizar o termo "vagamente" mas perdia o impacto ;)
Passei alguns momentos mais difíceis em perigo de vida e inúmeras cirurgias para tentar ficar por cá. Consegui !
Não foi um caminho fácil, mas em 16 anos quase tudo mudou na minha vida. Por estes dias terminei mais um ciclo pois vendi a casa que ambicionei durante anos. De cada vez que passava de comboio na Amadora e me torcia para a poder ver melhor dizia que gostaria de viver ali. Comprei-a ao fim de três anos. Agora, 19 anos depois, foi o momento de a deixar ir.
Depois de viver em Lisboa, no Cacém e em Rio de Mouro, afirmava que a linha de Sintra para mim terminava na Amadora assim que mudei em 2001. Fui dizendo durante muito tempo que não mudaria mais de cidade. Afinal, estava enganada. Saí da Amadora em 2015 e já não penso voltar. A minha casa é onde me sinto bem e agora é Abrantes. Quem sabe se é aqui que fico...
O meu segundo emprego foi a banca de investimento onde investi 22 anos da minha vida. Veio a troika e "troikou-me" as voltas. Tenho saudades de muita pessoas com quem privei e aprendi muito. Por vezes, aprendi a não ser como algumas e dessas poucas tenho zero saudades...
Depois de uma passagem por uma Cooperativa agrícola, em Abrantes, dediquei-me a realizar mais um desejo: trabalhar com letras e estive dois anos na Médio Tejo Edições.
No fundo... o meu sonho sempre foi "ter" um "sítio para fazer uns petiscos e receber uns amigos". Abri o "Val, Casa de comeres" no centro histórico de Abrantes em agosto de 2019 e por aqui estou. O COVID-19 fez-me vacilar e parar por algum tempo mas não me derrubou. Vamos ver o que me espera.
Se a vida é feita de ciclos... 2020 vai fechar mais um. Daqui até aos 100 anos é sempre a abrir, mesmo que vá de andarilho!
Deixo apenas um agradecimento aqui: Um do meu tamanho anterior ao "meu" cirurgião Mário Neves. Incansável, um amigo para a vida. Obrigada!!!!
Fotos: Julho de 2004 Vs. Junho de 2005
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